Especialista da Rede Ebserh/MEC tira dúvidas sobre a gripe H3N2
O número de casos de Influenza H3N2, uma nova variante do vírus da gripe, tem crescido desde o fim de dezembro em diversas regiões de país. Diante do surto da doença, entrevistamos o médico infectologista, supervisor da área assistencial de Doenças Infecciosas e Parasitárias do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco, vinculado à Rede Ebserh (HC-UFPE/Ebserh), e professor da instituição, Paulo Sérgio Ramos, sobre a gripe H3N2 e seus sintomas, formas de prevenção e diferença dessa gripe para a Covid-19. Confira:
O que é a gripe H3N2?
Dados históricos reportam que os vírus Influenza vem causando surtos nos últimos séculos, sendo que o reconhecimento laboratorial só veio ocorrer na primeira metade do século passado. Desde então, diversas epidemias vêm sendo relatadas por algumas modificações genéticas que o vírus vem apresentando nas últimas décadas. Em 2021, nova mutação derivou numa nova linhagem, denominada A (H3N2) Darwin, devido a sua identificação na Austrália e que vem sendo também detectada no Brasil.
Quais os principais sintomas?
Os principais sintomas são febre, tosse, dor de garganta, cefaleia, dor muscular, fadiga. Nos casos graves, pode haver falta de ar, que caracteriza a SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave), e até disfunção orgânica múltipla.
Quando a pessoa deve ir ao hospital?
Caso os sintomas se agravem, tais como desconforto respiratório, persistência de febre por mais de três dias ou retorno da febre após melhora inicial, confusão mental, sonolência, redução da diurese, desidratação, dor muscular muito intensa e descompensação de doenças pré-existentes, como, por exemplo, a asma brônquica.
A vacinação contra gripe protege também do H3N2?
A vacina, empregada na campanha de 2021, contemplou as cepas A(H1N1)/Victoria, A(H3N2)/Hong Kong e B/Washington. Neste ano, com o espalhamento da nova variante A(H3N2)/Darwin, teoricamente, não teríamos a proteção esperada para essa nova cepa. Entretanto, tem sido descrito o mecanismo de proteção cruzada, em que os anticorpos obtidos com a versão 2021 da vacina contra Influenza, nos daria algum grau de proteção. Neste caso em particular, nos preocupam os idosos, imunodeprimidos e portadores de comorbidades, grupos em que os mecanismos imunológicos podem estar comprometidos.
Como se prevenir da gripe H3N2?
A melhor e mais eficaz medida preventiva ocorre por meio da vacinação contra Influenza de maneira massiva da população. No Brasil, essa campanha inicia entre os meses de maio e junho. É importante ressaltar que o alvo da vacina é prevenir hospitalização e morte entre aqueles que se infectam pelo vírus. Uso de máscaras, isolamento dos infectados e distanciamento físico são também relevantes para deter o espalhamento do vírus Influenza.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico inicial é clínico, tendo como critério presuntivo a presença de febre associada à tosse e/ou dor de garganta, acompanhado de outros sintomas como cefaleia, dor muscular, fadiga. Assim exposto, fica claro que o diagnóstico diferencial com covid-19 pode não ser fácil. Nos casos suspeitos, recomenda-se um teste de antígeno (teste rápido) para covid, que resultando negativo, a depender do contexto, indicamos teste de antígeno (teste rápido) ou teste molecular para detecção dos vírus Influenza. No momento, como a rede pública se encontra em pressão, os testes para Influenza têm sido realizados apenas nos casos de SRAG.
Estando com a doença, a pessoa deve realizar o isolamento em casa, como ocorre com a covid-19?
Sim, caso suspeito ou confirmado, deverá ficar em isolamento respiratório (uso de máscara e distanciamento físico) por dez dias (covid) e sete dias (Influenza). Indivíduos imunossuprimidos, devido ao fato de apresentarem um clareamento mais lento desses vírus, necessitam permanecer em isolamento por maior tempo e devem consultar um profissional de saúde para serem orientados.
É possível ser assintomático e estar com a doença?
Sim, nas duas condições, seja covid ou gripe por Influenza, indivíduos sem sintomas podem apresentar a condição de transmissor desses agentes. Por isso, é tão importante proteger idosos, imunossuprimidos e portadores de múltiplas morbidades.
Qual a duração da doença?
A média de tempo dos sintomas para as duas condições, nos casos leves, fica em torno de cinco a dez dias.
Sobre a Rede Ebserh
O HC-UFPE faz parte da Rede Ebserh desde dezembro de 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) foi criada em 2011 e, atualmente, administra 40 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência.
Essas unidades hospitalares, que pertencem a universidades federais, têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), e, principalmente, apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas.
Devido a essa natureza educacional, os hospitais universitários são campos de formação de profissionais de saúde. Com isso, a Rede Ebserh atua de forma complementar ao SUS, não sendo responsável pela totalidade dos atendimentos de saúde das regiões em que os hospitais estão inseridos, mas se destacam pela excelência e vocação nos procedimentos de média e alta complexidades.
Com informações do HC-UFPE/Ebserh/MEC
FONTE: gov.br/ebserh