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Menos de 50% do público infantil recebeu a primeira dose da vacina contra a Covid

Menos de 50% do público infantil recebeu a primeira dose da vacina contra a Covid

Em algumas cidades como Porto Velho, Fortaleza, Recife e Belo Horizonte a cobertura vacinal das crianças entre 5 e 11 anos não chega a 20% do público-alvo

Em pelo menos 11 capitais e no Distrito Federal, a campanha de imunização infantil contra a Covid-19 ainda não alcançou 50% do público-alvo (crianças de 5 a 11 anos). A vacinação foi iniciada há pouco mais de duas semanas.

Em grande parte dessas cidades, a vacinação vem sendo feita de maneira escalonada, por faixa etária, devido ao número insuficiente de doses entregues pelo Ministério da Saúde, especialmente do imunizante da Pfizer que é destinado para o público de 5 anos.

CNN solicitou dados às 26 capitais brasileiras e o Distrito Federal. Doze cidades enviaram dados para esta reportagem.

Em Porto Velho, Fortaleza, Recife e Belo Horizonte menos de 20% das crianças de 5 a 11 anos foram imunizadas. Apenas 8,12% das crianças da capital cearense foram imunizadas. Na capital de Rondônia, o percentual é semelhante – 8,76%. Na pernambucana, 10.62% das crianças foram vacinadas contra a Covid-19.

Em Belo Horizonte, onde a vacinação, neste momento, é destinada a crianças com 9 anos ou mais, o percentual total de crianças imunizadas é de 15,5%. Segundo a prefeitura, nos primeiros 17 dias da campanha foram aplicadas 30 mil primeiras doses.

Na cidade de Goiânia, pouco mais de 30 mil (30.490) crianças receberam a primeira dose da vacina contra o coronavírus. O número representa 25,4% do total da população infantil residente no município (120 mil). Já a cobertura vacinal no Distrito Federal está em 30%.

Em Cuiabá, 12,2% e em Campo Grande 22,45%. Em Belém e Salvador a cobertura vacinal é de respectivamente 36,7% e 37%.

Na cidade do Rio de Janeiro, onde a campanha teve que ser suspensa por falta de doses, a vacinação recomeça nesta sexta-feira (04) para crianças com 6 anos ou mais. Até agora, pouco mais de 161 mil doses (161.263) foram aplicadas, na capital fluminense. Isso corresponde a 28,7% das crianças de 5 a 11 anos.

Na contramão da maioria das capitais, São Paulo já vacinou 51,2% do total de crianças da cidade com a primeira dose. Cerca de 590 mil (586.707) já foram aplicadas. Com a aprovação da Coronavac para vacinar crianças de 6 a 11 anos, o governo de São Paulo acelerou a distribuição no estado do imunizante.

Segundo o infectologista e presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, Renato Kfouri, apesar de todos os entraves à vacinação infantil, o Brasil deverá alcançar 70% da cobertura vacinal do público infantil.

“Quanto mais vacina a gente tiver nos postos de saúde maior será a cobertura porque aí você consegue abrir a vacinação para todas as faixas etárias de uma vez. Além disso, precisamos da conscientização da população e de campanha massivas que reforcem a importância da imunização infantil” – ressalta o especialista.

Para Kfouri alguns fatores como o número insuficiente de doses distribuídas pelo Ministério da Saúde e o aumento de casos de Covid, inclusive, entre crianças têm atrapalhado a adesão à campanha de imunização.

“A primeira metade (da campanha) foi praticamente com uma vacina só (Pfizer), com pouquíssimas doses. Ainda que a Coronavac já tenha chegado em todos os estados, a cobertura vacinal ainda está muito desigual. Outro fato importante que colabora (para a baixa adesão) é o tanto de caso de Covid-19. Muitos pais se contaminaram e, por isso, não puderam sair para levar os filhos para vacinar. Além disso, muitas crianças que tiveram a Covid no início têm que esperar 30 dias para tomar a vacina” – explica Kfouri.

Outros fatores que vêm interferindo na vacinação das crianças são a exigência de prescrição médica ou assinatura de termo de autorização, como é o caso das cidades de Japeri, no Rio de Janeiro e Lagoa Santa, em Minas Gerais.

Em nota, a Prefeitura de Japeri informou que a assinatura do termo de autorização só é exigida caso a criança esteja acompanhada por terceiros, como recomenda o Ministério da Saúde. Mas a medida contraria uma recomendação do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.

Já a prefeitura de Lagoa Santa afirma que o termo de autorização é somente no caso de pais ou responsáveis ausentes. Kfouri considera essas medidas um desserviço dos órgãos públicos, porque comprometem ainda mais o avanço da campanha.

“A gente tem muita propaganda contra. O próprio Ministério (Saúde), sempre que pode, coloca empecilhos, reforça que a vacina é pra quem quiser e isso atrapalha.”

FONTE: Cnnbrasil.com.br/