Transplante de Órgãos
O que é um transplante?
Transplante é a transferência de células, tecidos, órgãos, ou de partes do corpo de uma pessoa (doador) para outra (receptor), com a finalidade de restabelecer uma função do corpo do receptor.
Quais os benefícios de um transplante?
O transplante pode trazer enormes benefícios às pessoas afetadas por doenças que, de outro modo, seriam incuráveis. Milhares de pessoas contraem, todos os anos, doenças cujo único tratamento é um transplante.
O maior benefício que se espera de um transplante é que a expectativa de vida seja melhor do que a doença que motivou o procedimento, mesmo sendo cuidada com todas as opções de tratamento disponíveis. Muitos transplantados passam a não ter limitações físicas em suas atividades do cotidiano.
Qual a chance de sucesso de um transplante?
O sucesso depende de inúmeros fatores como o tipo de órgão a ser transplantado, a causa da doença, as condições de saúde do paciente, adesão aos medicamentos imunossupressores entre outras.
Com os recursos atuais, de novos medicamentos e de técnicas aprimoradas, a sobrevida dos transplantados tem sido cada vez maior. A título de exemplo, os valores médios aproximados de sobrevida do enxerto e do paciente, depois de cinco anos, para alguns órgãos, são listados a seguir:
- Coração: 70% (Depois de um ano – enxerto e paciente)
- Fígado: 60% para o enxerto e 65% para o paciente
- Pulmão: 60% (enxerto e paciente)
- Rim: 70% para o enxerto e 80% para o paciente
Quais os riscos de um transplante de órgãos?
Além dos riscos inerentes a uma cirurgia de grande porte, podem ocorrer: infecções (como consequência do uso de imunossupressores); rejeição do órgão transplantado, que pode ser hiperaguda (situação muito grave, podendo levar a necessidade da realização de um novo transplante) ou tardia (mais fácil de ser tratada com medicamentos que diminuem a atividade do sistema imunológico); efeitos colaterais das drogas imunossupressoras, como hipertensão arterial, linfomas, tumores de pele e toxicidade do sistema nervoso, entre outros.
Como é a vida do paciente após o transplante?
Transplante não é cura, mas um tratamento que pode prolongar a vida com uma melhor qualidade.
Muito embora a compatibilidade entre doador e receptor seja testada antes de um transplante, depois do transplante as consultas periódicas de acompanhamento são obrigatórias. A prescrição de medicamentos imunossupressores é obrigatória e de forma permanente. Em casos de rejeição, poderá ser oferecido um novo transplante ao paciente.
Como se inicia o processo de transplante?
O processo normal para um transplante é iniciado por um médico, que consulta o paciente e lhe indica o diagnóstico e a terapia mais adequada; que poderá até ser um transplante.
O doente terá sempre o direito de escolha entre fazer ou não o transplante, depois de devidamente informado pelo médico.
Que partes do corpo podem ser transplantadas?
Os órgãos mais comumente transplantados são: coração, fígado, pâncreas, dois pulmões e dois rins.
Podem ser transplantados também: córneas, valvas cardíacas, vasos sanguíneos, segmentos de ossos, ossos longos e particulados, cartilagens, tendão, fascia lata, pele, estômago e intestino.
Parte do fígado, parte do pulmão, ou um rim podem ser transplantados de doador vivo, desde que este seja parente do receptor em até quarto grau, ou com autorização judicial.
Quem retira os órgãos de um doador?
Após a confirmação da morte encefálica, autorização da família e localização de um receptor compatível, a retirada dos órgãos para transplante é realizada em um centro cirúrgico, por uma equipe de cirurgiões credenciada pelo Ministério da Saúde e com treinamento específico para esse tipo de procedimento. Depois disso, o corpo é devidamente recomposto e liberado para os familiares.
Após a doação, o corpo do doador fica deformado?
Não. A retirada dos órgãos é uma cirurgia como qualquer outra e o doador poderá ser velado normalmente.
Após a retirada do órgão do doador, em quanto tempo ele deve ser transplantado?
O prazo entre a retirada do órgão do doador e o seu implante no receptor é chamado de tempo de isquemia. Os tempos máximos de isquemia normalmente aceitos para o transplante de diversos órgãos são mostrados a seguir:
- Coração: 4 horas
- Fígado: 12 horas
- Pâncreas: 20 horas
- Pulmão: 6 horas
- Rim: 48 horas
Como funciona o sistema de captação de órgãos?
Se existe um doador em potencial, com morte encefálica confirmada (vítima de acidente com traumatismo craniano, derrame cerebral, etc.) e após autorização da família para que ocorra a retirada dos órgãos, são mantidos os recursos para a preservação das funções vitais dos órgãos e seguem as seguintes ações:
- O hospital notifica a Central de Transplantes sobre um paciente com morte encefálica (potencial doador);
- A Central de Transplantes pede confirmação do diagnóstico de morte encefálica e inicia os testes de compatibilidade entre o potencial doador e os potenciais receptores em lista de espera. Quando existe mais de um receptor compatível, a decisão de quem receberá o órgão passa por critérios tais como tempo de espera e urgência do procedimento;
- A Central de Transplantes, através de um sistema informatizado, gera uma lista de potenciais receptores para cada órgão e comunica aos hospitais (equipes de transplantes) onde eles são atendidos;
- As equipes de transplante, junto com a Central de Transplante, adotam as medidas necessárias para viabilizar a retirada dos órgãos (meio de transporte, cirurgiões, pessoal de apoio, etc.);
- Os órgãos são retirados e o transplante é realizado.
Existe algum conflito de interesse entre os atos de salvar a vida de um potencial doador e o da retirada dos órgãos para transplante?
Absolutamente não. A retirada dos órgãos para transplante somente é considerada quando todos os esforços para salvar a vida de uma pessoa tenham sido realizados e, ainda assim, o paciente evoluiu para morte encefálica.
Como funciona a lista de espera para transplantes de órgãos?
Para receber um órgão, o potencial receptor deve estar inscrito em uma lista de espera, respeitando-se a ordem de inscrição. A lista é única por estado ou por região e monitorada pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT) e por órgãos de controle federais, impossibilitando que uma pessoa conste em mais de uma lista, ou que a ordem legal não seja obedecida.
A inscrição na lista somente pode ser realizada por um médico com autorização vigente, concedida pelo SNT.
Existem casos que possam ser priorizados na lista de espera?
Sim. Algumas condições clínicas do paciente permitem o acesso mais rápido ao transplante, como as situações de extrema gravidade. Exemplos destas situações emergenciais é a impossibilidade total de acesso para diálise, no caso de doentes renais; a insuficiência hepática aguda grave, para doentes do fígado; necessidade de assistência circulatória, para pacientes cardiopatas; e rejeições recentes de transplantados.
Quanto tempo demora a espera por um transplante de órgão?
O tempo de espera por um transplante depende de diversos fatores, como do órgão a ser transplantado, das características genéticas do potencial receptor e do seu estado de saúde.
Os tempos médios de espera estão listados a seguir:
- Coração: 6 meses
- Fígado: 4 meses
- Pâncreas: 4 meses
- Pulmão: 10 meses
- Rim: 18 meses
- Rim/Pâncreas: 13 meses
Quantas pessoas aguardam por transplantes de órgãos no Brasil?
A lista de espera total de potenciais receptores (ativos + semiativos), de julho de 2017, para cada órgão, é mostrada a seguir:
- Coração: 312
- Fígado: 1.279
- Pâncreas: 24
- Pulmão: 181
- Rim: 20.821
- Rim/Pâncreas: 510
Consulte a situação do seu estado, acessando “Lista de espera por categoria – Órgão” no sítio dos transplantes.
Quantos transplantes são realizados por ano?
Em 2016 foram realizados, no Brasil, 24.958 transplantes, sendo 7.955 de órgãos sólidos, conforme discriminado a seguir:
- Coração: 357
- Fígado: 1.880
- Pâncreas: 26
- Pulmão: 92
- Rim: 5.492
- Rim/Pâncreas: 108
Consulte a quantidade realizada no seu estado, acessando “Estatísticas Gerais do SNT – 2017” no sítio dos transplantes (www.saude.gov.br – Transplantes).
Fonte: saude.pi.gov.br
Dr. Ricardo Gontijo – Médico de transplantes